domingo, setembro 04, 2005

reverberante

Saem estufadas do forno as rosadas bochechas suadas de tenra iguaria luzidia de traseiro pomposo, soam as cornetas em toque de levedura fermentada e a passadeira vermelha é desatadamente estendida ao comprido no chão: passos compassados milimétricamente medidos manipulados por imagem de desmesurada altivez pousam os pés que comandam como pena assentada em excessiva leveza, frieza glaciar no olhar fixante no ponto para lá das paredes que não fitam nem ouvem os olhos de quem a vê, reverba sonante uma esfera com foco nela que afecta todos os presentes que ausentes se aninham dentro dela e flutuam tanto mais alto e distantes quanto mais próximas e errantes as mentes partidas passadas sofridas cansáveis dos inapagáveis desperdícios voláteis de oportunidades vertiginosas, pegajosas memórias pretas compostas por óleos petrolíferos persistentes provenientes de cargueiros carregados de cargas gastas de revistas redundâncias recicladas em cíclico perpetuado movimento. Nunca esquecer o momento do deslumbrado olhar descaído perplexificado em estática implosão iminente de diferente que é e toca e ama e rasga a película aderente que cobre o suposto real aparente oficialmente aceite como tal ao perto mas não ao longe onde se vê claro o véu que nos abraça forte de tamanho porte que em dia límpido vestido de azul quando o horizonte se explora fácil de olhos em bico e mão em pala o frágil manto neblinoso nos embrulha em sua fictícia amabilidade e untuoso nos abafa com carinhos a fogueira da vaidade que ao longe ofusca mas em sua busca desenterrei apenas amontoado de lenha húmida e um pacote molhado de fósforos gastos ao lado.

1 comentário:

Raquel Vasconcelos disse...

Voltas a misturar temas... ou estou enganada?
Mas ao mesmo tempo... fascinante :)

(raquel v.)