sexta-feira, junho 03, 2005

convergência

Do lato experimentado apreendido no decorrer pela vida um afunilado caminho em lento ganho de consistência exibe a sua forma. Os anos escorrem e torcidos pingam identidade, o longo caminho tacteado em busca da verdade, os dedos magros de unhas raspados em parede rugosa e fria em viscosa abafada humidade de gruta, aos poucos dissolve-se a bruta amorfização. Ao longe o intangível mostra a sua sombra, o ponto de convergência assume-se como centenas de milhares de pequenas escolhas pontuadas por escassas decisivas opções nem sempre optadas mas dependente de milhões de outras opções de nós não derivadas, das anafadas formas bojudas que se alojam em fundas poltronas pantanosas, esfregadas mãos gordurosas ordenam a estrutura invisível que condiciona as milhares de milhões das acções dos homens. Ao longe já é perto e o cansaço cansou de fincar o destino. Finalmente é dado sentido ao menino só, do dó à paixão pela lacuna, duna após duna o árido deserto é transposto e o núcleo exposto. Engolido o desgosto diferença é agora vantagem investida, merecida vitória de sofridos pesados anos de acartada falha central, a mal aprende-se da melhor forma. A bem o petiz é feliz e na integração delicada enquadra a informação em alegre perspectiva de sol bem esfregado tudo é doirado e reluz ofuscante a lógica brilhante, pois se a estrada flui em direcção a nós próprios jamais a poremos em causa. A náusea vem do forçado equilíbrio insustentável da tristeza do pôr em causa a própria beleza, questionar infinito de criança insatisfeita, amorfo que sofregamente procura a sua forma, existência convergida em simples traços concretos, convergência de mil objectos tocados num ínfimo ponto sólido de luz, converge no ponto final a identidade firmemente adquirida, base sólida de consistente ponto de partida, é-se o que se faz e faz-se o que se pode nesta vida.