quarta-feira, julho 13, 2005

invariavel

Incómodo inconveniente de insuspeitada ternura carenciada em fervura num copo de água de futura tempestuosidade. Fartura de feira rodada por cantos de todos os mundos, em nosso profundo saber sabores de quem se prova fecundo. Decrépitas e velhas são as carcomidas carcaças dos abutres saciados pela fome dos outros que a aturam ataram atiram ao mar de suor despojos de guerra inglória não há memória de tão esbanjado tempo de vida não partilhado em complementada figura que fura na testa extrai a funesta deturpada imagem de ego arrastado por excesso de tralha pensada que se enreda em enredos diáfanos de emaranhados novelos em nós intrincados. Sós são os cavernícolas amantes da escuridão bafienta de mofo estragado casado com água musguenta afugentada da fonte que a pariu mas nunca a viu escorrida pelos labirínticos tubos de lava gelada desaguados em terras distantes de onde os maiores viajantes jamais ousaram partir. O que à de vir em vindouros dias de ouro passados com aclamada calma de serena passagem onde verdejantes os campos e azuis todos os céus de todos os mundos onde todas as cores cantam e em cada nota um tom de aguarela gorgolejada por gargantas de homens possantes de panças dançantes em festa expectante de tão esperada matança. O porco que fuja senão suja a roupa de quem ainda agora a lavou, limpada a brancura imaculada a frescura espichada de sangue cuspido num último fôlego moribundo de guinchada batalha perdida pela vida, expirada a última brisa dos finais do tempo vivido esquecido sopra o vento em calma constância imperceptível, murmura aprazível aos incautos doces segredos dispersos que escorrem pelas mãos que os vêem mas não os retêm, escapulida areia de ampulheta onde tempo é grilheta que acorrenta a valiosa momentânea qualidade da partilha dos instantes com os outros que cá estavam e que atiram ataram aturam a presença inconstante de imprevisível pessoa. Não é para dizer à toa que por mais que muito doa à que voltar à fundida, complementa coalesce abraça unidade perdida, basta vida que remexe tritura empurra e levanta após sono fundo canta que nem é preciso tanta pois de tão pouco que basta um mais forte empurrão de ir de nariz ao chão que no fecho bem fechado de um corpo já marcado por atiçador em brasa que de forma invariável e por mais que muito afável com benvinda novidade definhada a própria origem de fulcral e bem forjada velha amizade passada integrada em grossa manta de relembrados retalhos remendados recosidos que não podem ser esquecidos pois eles são nós e com eles não estamos sós.

4 comentários:

Raquel Vasconcelos disse...

Não és fácil de ler (e não o digo negativamente, mal de mim!) digo-o por mim...

Como em tudo na vida, pedaços de texto que se enquadram em outros pedaços de vivências... encaixam e assustam...

Patrícia Evans disse...

"...azuis todos os céus de todos os mundos onde todas as cores cantam e em cada nota um tom de aguarela gorgolejada..." Eu que sou das artes, vi nestas palavras um quadro do Chagal, um quadro azul da cor de todos os céus, um quadro onde dois amantes se abraçam e um boi toca violino, esse quadro é "O Amor". Escreves muito bem mesmo, obrigada pelo momento:-)
beijos

Raquel Vasconcelos disse...

"porque tenho tido várias coisas em mente devido a alterações recentes na minha vida, e isso reflete-se nos textos, que incorporam mais conceitos"

Senti isso... não tinha a certeza total mas tive essa sensação.
Obrigada eu :)

Egomet disse...

"(...)em grossa manta de relembrados retalhos remendados recosidos que não podem ser esquecidos pois eles são nós e com eles não estamos sós."

Aos poucos acredito que cada ser une os seus retalhos...até ao dia em que deles nascerá esse mesmo ser. Seres unidos dão asas ao nascimento de um aglomerado de vivências...deixemos então que os retalhos nos ensinem a ver os outros com os olhos de quem quer incessantemente aprender.

Apesar da complexidade, gostei muito deste post...continua assim
Beijinhos

P.S. Bom trabalho