terça-feira, setembro 20, 2005

quebranto

Requebra na testa o encanto fugaz de sua passagem nítida desfocado perifericamente todo o espaço que não ocupa, banham-se os lábios no luxo da sua fragância tangível, trinca-se no ar a densidade poderosa de quem borrifa de espuma em carícia de pluma a face de quem a fita: réplicas ondulatórias do impacto surdo da sua chegada ecoam por entre as pernas tremelicantes fraquejadas no estalo da aparição em que nem se viu a mão só a perda de presença do tempo que corre e escorre até que morre nos braços do espaço, não adianta o que digo ou faço, tamanha façanha que fosse seria tacanha prendada no altar da base rente ao pé do pedestal onde se encontra a incognoscível entidade pura segura em sua pose possante de princesa altiva, furtiva lebre campestre esquivada da quase agarrada pata felpuda, saltita e o coração imita em seu palpitar cadenciado o ritmo respiratório fervente de tamanha energia condensada em corpo exaltado de escaldante mulher de mente linda que finda a resistência quebradiça de quem ousa. A porta à muito fechada dobra a custo empenada dobradiça ferrugenta prévia ao óleo da sua chegada que esconde o momento impossível do seu toque inatingível pela potencial volatilidade da calma que ainda não paira .

quinta-feira, setembro 08, 2005

etérea

Abram-se as alas do presente que o futuro é de graça e o sonhado de outrora irrompe em chegada hora de pleno pulmão aberto em espremida consumada ânsia que rebenta em marrada de touro elegante estouro estilhaça dique de contido pressionado deslumbramento jorrado em espampanante dispersão aérea, etérea é a forma que se forma no instante do flash único de carimbado arrepio mnésico remniscente em longo suspiro nos dias de estagnação.

domingo, setembro 04, 2005


s.

reverberante

Saem estufadas do forno as rosadas bochechas suadas de tenra iguaria luzidia de traseiro pomposo, soam as cornetas em toque de levedura fermentada e a passadeira vermelha é desatadamente estendida ao comprido no chão: passos compassados milimétricamente medidos manipulados por imagem de desmesurada altivez pousam os pés que comandam como pena assentada em excessiva leveza, frieza glaciar no olhar fixante no ponto para lá das paredes que não fitam nem ouvem os olhos de quem a vê, reverba sonante uma esfera com foco nela que afecta todos os presentes que ausentes se aninham dentro dela e flutuam tanto mais alto e distantes quanto mais próximas e errantes as mentes partidas passadas sofridas cansáveis dos inapagáveis desperdícios voláteis de oportunidades vertiginosas, pegajosas memórias pretas compostas por óleos petrolíferos persistentes provenientes de cargueiros carregados de cargas gastas de revistas redundâncias recicladas em cíclico perpetuado movimento. Nunca esquecer o momento do deslumbrado olhar descaído perplexificado em estática implosão iminente de diferente que é e toca e ama e rasga a película aderente que cobre o suposto real aparente oficialmente aceite como tal ao perto mas não ao longe onde se vê claro o véu que nos abraça forte de tamanho porte que em dia límpido vestido de azul quando o horizonte se explora fácil de olhos em bico e mão em pala o frágil manto neblinoso nos embrulha em sua fictícia amabilidade e untuoso nos abafa com carinhos a fogueira da vaidade que ao longe ofusca mas em sua busca desenterrei apenas amontoado de lenha húmida e um pacote molhado de fósforos gastos ao lado.

sexta-feira, setembro 02, 2005

chave

O fundo do buraco escondido aconchegado em manta tecida por próprias mãos calejadas desoladas pelo nada que agarram por vezes recebe visitas esquisitas pelo facto de ali estarem e não ao sol onde o calor dos outros que amam emana mais forte. Obrigado pelas visitas.