terça-feira, maio 17, 2005

leveza

Soltam-se as palavras
Livres esvoaçam pelo espaço
Aberto incerto
Da mente sorridente
.
.
Vidente de boas épocas
Vindouras sonhadas
Intercaladas por premonições
De esoterismo mistificado
.
.
Canções espalham-se entornadas
Por viola atestada de sentimento
Puro cristalino de violento afecto
Projecto partilhado à volta da fogueira
Vontade de beijo dança na clareira
.
.
Queima a madeira do isolado caso bicudo
Crónico afastamento da particular qualidade
Do momento que contudo nunca se repete
.
.
Não faz frete quem ama
Enrola no corpo do outro
Sua a cola que pega na pele
Cega a beleza inverte a tristeza
Não há certeza do amanhã
Não é vã a vida trincada
Saboreado momento indecente
O presente é tudo o que importa?
.
.
Ao fundo uma porta
Aberta incerta da mente
Sorridente esbatida ferida
.
.
Encosta ao toque de leve
A mão feminina requintada
Enche preenche e pinta de côr garrida
A dureza empedernida
De séculos solitários
Mói a rocha dorida
O tocar suave
Não sugere entrave
Erode em areia fina
A má sorte triste sina
De olhar baço sustentado
Peso metálico de ferrugenta solidão
Em vão
.
.
Chegada a água benta
Tudo o que arde cura
E cada segundo perdura
.
.
Furada a casca do calo
Levado na cara o estalo
A vida é fácil o corpo é leve
O ar é fresco e os pássaros da frente
Chilream entre si que tudo passa tudo muda
E nada dura para sempre

4 comentários:

gato_escaldado disse...

gostei. senti uma brisa leve de ironia. (se é que soube ler...) abraço

Amita disse...

Gostei mesmo. Vagueando em extrapolações difusas... que nem tanto.... Bjo

Anónimo disse...

Descobri agora que tens um blog!
nunca me disseste da existência deste espaço...
Está muito fixe!
Estou a gostar de ler textos teus!

beijinhos
marta

celofane disse...

"Breve tão breve o dia
Omitido...Não o esquece
A poesia lendo o poeta
Num luar de paz
Eterna"

Que bonita a forma como transformas o poeta em entidade passiva lida pelo próprio mecanismo criativo que dele flui!

Bjs :))