terça-feira, janeiro 22, 2019

Garrafa

Espalhada alcoólica sensação vazia, enche a tripa calorosa e vaza a pipa calculista. Fria a estupefação mirabulante de sinuosa paisagem nua, tua a lua mirada à lupa de olho gigante disforme coroado por sádico sorriso insinuante, frustrante perda de rumo nautico, apático pateta atrapalhado à mercê de vontade alheia, primeiro semeia gotas depois colhe copos e depois mais copos mais copos só mais um copo só mais um cigarro só mais um momento de passageira descontração, só mais um intento de verdadeira conexão, sem razão, sem fuga, sem contração involuntaria do diafragma que interfere na natural fluência do discurso, sem ser um urso, só ser, sem ter, só ver, sem julgamento atormentado baseado em prévias experiências desconcertantes, perfurantes brocas de diamantes que estilhaçam o cérebro em mil pedacinhos luzidios de ideias perdidas fragmentadas memórias passadas fugidas coladas com o cuspo envenenado de uma rã amazónica. Dardo picado em pescoço esguio, fardo largado no fundo do rio. 

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